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Um Time que vale uma Seleção

Não fosse a divergência ocorrida entre a Confederação Brasileira de Desportos (CBD) e a Associação Paulista de Esportes Atléticos (APEA), por ocasião dos preparativos da primeira Copa do Mundo de Futebol disputada no Uruguai, teria o Santos Futebol Clube provavelmente três representantes envergando a camisa do Selecionado Nacional.

A CBD que tinha a sua sede, como tem até os dias atuais na cidade do Rio de Janeiro, era essencialmente carioca, já que seus componentes eram todos radicados na então capital federal do País, e por isso não convidou os dirigentes da APEA para tomarem parte da comissão técnica do Selecionado que iria ao Uruguai representar o Brasil na primeira edição da Copa do Mundo. 

Em retaliação, os dirigentes paulistas não permitiram que os clubes de São Paulo liberassem os seus jogadores para servir ao Selecionado Pátrio. Então, com essa atitude, os jogadores santistas começando pelo goleiro Athié, passando pelo artilheiro Feitiço e pelo ponta-esquerda Evangelista ficaram de fora do grupo que viajou ao sul da América. 

Araken Patusca por ter se desligado do clube santista no ano de 1929 foi relacionado pela CBD como atleta do Flamengo e assim ele pode jogar no torneio vencido pelo país anfitrião. Araken jogou apenas uma partida e foi na derrota por 2 a 1 diante da Iugoslávia. Em 1935, o craque santista que foi o artilheiro do Campeonato Paulista de 1927 com 31 gols, voltou à Vila Belmiro e ajudou o Peixe na conquista do seu primeiro título Paulista. 

O goleador Luís Matoso, o Feitiço, artilheiro máximo dos Paulistas dos anos de 1929/30/31 pelo Santos FC foi o protagonista de um episódio que mereceu destaque e o imbróglio ocorreu em uma partida entre os Selecionados Paulista e Carioca e que ele se tornou o personagem principal do jogo ao responder ao ajudante de ordens do presidente da República, que “no Brasil mandava o presidente, mas no campo eram os jogadores que mandavam”, afirmação que lhe custou a demissão do clube de Vila Belmiro. 

Contudo, por imposição da CBD que queria ter o jogador em suas fileiras, ordenou à diretoria santista presidida por Guilherme Gonçalves que fosse suspensa a punição de dois anos a ele aplicada, e assim o jogador conhecido pela feitura de gols de “bico”, pode ser novamente incorporado no elenco praiano pois a Seleção Brasileira precisava da presença dele em campo e foi o que aconteceu no dia 24 de junho de 1928, na goleada diante da equipe do Motherwell pelo placar de 5 a 0 com o endiabrado Feitiço marcando quatro gols.

Na Seleção Paulista que ganhou o campeonato de 1929 tinha em suas fileiras os jogadores santistas: Athié, Oswaldo, Alfredo, Camarão, Feitiço e Evangelista, teriam sido oito os selecionáveis do Peixe, se Siriri e Araken não houvessem sido desligados do clube. 

Os primeiros jogadores do Alvinegro convocados pelo Selecionado Nacional foram no ano de 1914, Arnaldo Silveira e Adolpho Millon e é com os atacantes santistas que o Brasil venceu a “Taça Roca” em Buenos Aires ganhando da Argentina na final por 1 a 0. Era o começo da participação do Alvinegro servindo ao país do futebol, antevendo que daí em diante haveria o clube de estar sempre cedendo atletas entre os selecionáveis.

No Campeonato Sul-americano de Futebol disputado no Rio de Janeiro e com a final no dia 29 de maio de 1919, o Brasil venceu o Uruguai por 1 a 0 com três jogadores do Alvinegro, Arnaldo Silveira que foi o capitão da equipe, Millon e Haroldo Pires Domingues. 

Após essa conquista além dos jogadores já citados os demais que serviram ao Selecionado foram: Constantino, Castelhano, Feitiço, Araken e Alfredo. 

Depois da última convocação de atletas santistas no ano de 1931, o Santos voltaria a ter jogadores no Selecionado somente no ano de 1942 quando da convocação do ponta-direita, Cláudio Cristóvão Pinho que jogou em três partidas enquanto pertencia ao Alvinegro Praiano. 

Mais um tempo se passou sem convocações dos jogadores do time da Vila Belmiro, a destacar vale lembrar que no dia 22 de setembro de 1949, o então presidente da FIFA, o francês Jules Rimet visitava as dependências do Estádio Urbano Caldeira e parabenizava os dirigentes pelas reformas que estavam sendo feitas no sentido de ampliar a capacidade da praça de esportes do clube praiano.

Nesse período a CBD cometeu uma de suas maiores injustiças não lembrando do nome de Antônio Fernandes, o Antoninho, na relação dos jogadores que disputaram o Mundial de 1950, no Brasil. Antoninho era presença constante nas convocações do Selecionado Paulista, mas seu nome não lembrado no Selecionado Nacional, quando até o craque Zizinho, o mestre Ziza queria ver o “Arquiteto da Bola” vestindo a camisa do Brasil. 

Já no ano de 1955, quando o time santista começava a dar mostras de seu entrosamento com alguns jogadores veteranos mesclados com jovens promessas criadas em casa, são convocados quatro atletas para vencerem a “Taça O’’ Higgins” em São Paulo na vitória diante do Chile, em São Paulo por 2 a 1 com um dos gols da conquista brasileira sendo marcado pelo santista Álvaro José Rodrigues Valente que formou na Seleção ao lado dos convocados pelo técnico Vicente Feola, Formiga, Hélvio e Vasconcelos. 

Entre os anos de 1955 e 1957, o time santista cedeu ao Selecionado os seguintes jogadores, além dos quatro que ganharam a “Taça O’’ Higgins”: Zito, Pepe, Tite, Pagão, Del Vecchio, Urubatão. 

Até que um bonito sonho começou a se transformar em realidade no mundo da bola no Brasil, e é justamente no dia 07 de julho de 1957 que o garoto Edson Arantes do Nascimento, o futuro Rei do Futebol, inicia sua trajetória de um sucesso inigualável vestindo a gloriosa camisa canarinho na partida em que o Brasil perdeu da Argentina por 2 a 1 no Estádio do Maracanã, pela “Taça Roca”, com o garoto que tinha 16 anos, 8 meses e 14 dias de vida deixou sua marca nas redes adversárias ao fazer o seu primeiro gol pela Seleção Brasileira.

O técnico que convocou o garoto santista foi Sílvio Pirilo. Pelé é o jogador que mais títulos mundiais em todos os tempos conquistou são três mundiais no total. É dele também a honra de ser o maior goleador da Seleção Brasileira em todos os tempos com 95 gols. 

Somente nas quatro Copas que disputou o Rei marcou 12 gols, poderia ser ele o maior artilheiro do Brasil nas Copas se porventura não tivesse a infelicidade de se contundir na copa de 1962, no Chile e jogado apenas duas partidas marcando um único tento. 

A última vez em que o Rei jogou pela Seleção Brasileira foi no amistoso realizado no dia 18 de julho de 1971, no Estádio do Maracanã no empate em 2 a 2 diante da Iugoslávia. 

Na Copa do Mundo na Suécia, em 1958, tinha o Santos FC a representá-lo os seguintes jogadores: Pelé, Zito e Pepe todos se sagraram Campeões Mundiais de Futebol pelo Brasil. 

Nos anos seguintes o Santos cedeu novos jogadores ao Selecionado como Dorval e Calvet que não figuram na relação dos convocados na Copa de 1962, no Chile que tem os seguintes jogadores do Peixe que se tornaram Campeões Mundiais: Gilmar, Mauro (que foi também o capitão da conquista do bicampeonato), Zito, Mengálvio, Coutinho, Pelé e Pepe. 

Um recorde que até hoje não foi quebrado por nenhuma outra equipe brasileira nas convocações de jogadores pertence ao Santos FC e essa primazia absoluta ocorreu pela primeira vez nos dias 05 de maio de 1963 (2 a 1 na Alemanha Ocidental) e no dia 12 de maio de 1963 (0 a 3 diante da Itália). São ao todo oito jogadores do Alvinegro em campo sendo que é também a estreia do “Ataque dos Sonhos” atuando junto nas duas partidas históricas. Esse fato inédito no Selecionado Brasileiro voltaria a acontecer envolvendo oito jogadores do Peixe no ano de 1969. 

Pós-Copa de 1962, são convocados pela primeira vez, os seguintes jogadores santistas: o goleiro Silas, Lima, Joel Camargo, Orlando Peçanha, Geraldino, Abel, Carlos Alberto Torres e Edu. 

Na Copa do Mundo de 1966, na Inglaterra, os jogadores santistas convocados são: Gilmar, Orlando Peçanha, Zito, Lima, Pelé e Edu. Uma reclamação não só de torcedores como também da imprensa esportiva que queria o lateral-direito Carlos Alberto Torres na relação dos convocados que foram para a Inglaterra, mas a comissão técnica entendeu que mesmo ele tendo jogado várias partidas como titular do time nacional, não o convocou. 

Na sequência novos convocados do time da Vila Belmiro que ajudaram o Brasil a se classificar nas eliminatórias para a Copa do México são eles: o goleiro Cláudio, o lateral-esquerdo Rildo e o artilheiro Toninho Guerreiro. 

Um acontecimento digno de registro, pela primeira vez o Santos FC tem um treinador convocado para dirigir a Seleção Brasileira, o técnico é Antoninho nas partidas disputadas em Assunción, nos dias 25 de julho de 1968 (4 a 0 na Seleção Paraguaia) e no dia 28/07/1968 (0 a 1 diante da mesma Seleção do Paraguai) ambas válidas pela “Taça Oswaldo Cruz”.

Nas partidas disputadas nos dias 12/06/1969 (2 a 1 na Inglaterra), 06/07/1969 (4 a 0 na Seleção da Bahia) e 09/07/1969 (8 a 2 na Seleção de Sergipe) a Seleção Brasileira tem durante essa partida oito jogadores do Peixe, são eles: os goleiros, Gilmar e Cláudio, Carlos Alberto Torres, Djalma Dias, Joel Camargo, Rildo, Clodoaldo, Toninho Guerreiro, Pelé e Edu. 

Na Copa do ano de 1970, no México, vencida pela terceira vez pelo Brasil, o Santos teve a representá-lo os seguintes jogadores: Carlos Alberto (que foi o capitão da conquista do tricampeonato), Joel Camargo, Clodoaldo, Pelé e Edu. A liderança de ter mais jogadores campeões mundiais em seu currículo pertence ao Alvinegro Mais Famoso do Mundo, que teve a honra de contar com o único tricampeão mundial em sua equipe e possui também o maior número de representantes em todas as conquistas do Brasil, é o time com mais representantes no período glorioso do futebol brasileiro (1958/1962/1970). 

Na Copa do Mundo de 1974, na Alemanha, às vésperas do torneio, Clodoaldo foi dispensado por motivo de contusão e o Santos teve apenas dois representantes no Mundial: Marinho Perez que foi o capitão em algumas partidas e o ponta-esquerda Jonas Eduardo, o Edu. 

Nas Copas seguintes o Santos não teve nenhum representante, somente na Copa do Mundo de 2010 disputada na África do Sul é que o clube teve um atleta vestindo a camisa canarinho como titular: Robson de Souza, o Robinho. 

Embora no ano dessa Copa, dois jogadores do Santos tiveram seus nomes gritados em uníssono por todos os torcedores e jornalistas que queriam vê-los na Copa da África, duas jovens promessas crias das categorias de base do Alvinegro, Paulo Henrique Ganso e a “joia” Neymar Jr., mas a comissão técnica liderada pelo técnico Dunga, preferiu não convoca-los por achar que os mesmos não tinham experiência suficiente para defender o Selecionado Brasileiro. 

Anteriormente, no período compreendido entre 1976 até 2013 os jogadores do Santos que vestiram a camisa verde-amarela em diversas oportunidades foram pela ordem: Nílton Batata, Juary, João Paulo, Pita, Marolla, Márcio Rossini, Paulo Isidoro, Toninho Carlos, Dema, Sérgio Guedes, César Sampaio, Almir, Edu Marangon, Axel, Ricardo Rocha, Giovanni, Narciso, Jamelli, Zetti, Muller, Marcos Assunção, Alessandro, Edmundo, Robert, Léo Bastos, Esquerdinha, Diego, Renato, Robinho, Elano, Ricardinho, Kléber, PH Ganso, Neymar, André, Danilo, Borges, Rafael, Arouca e Durval. 

Dos 80 jogadores, que enquanto estavam jogando pelo Santos FC mais vezes vestiram a camisa do selecionado brasileiro foram: Pelé (113), Carlos Alberto Torres (61), Clodoaldo (55), Edu (54), Zito (50), Pepe (40), Gilmar (38), Joel Camargo (36) e Neymar Jr. (32) partidas. 

Já entre os 31 goleadores santistas que jogaram pelo “Scrath Nacional”, enquanto defendiam o Alvinegro Praiano e estufaram as redes adversárias são: Pelé (95), Pepe (22), Neymar (20), Edu (12), Robinho (10) e Carlos Alberto Torres (09) gols.

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