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Nous irons voir Pelé sans payer – Uma Revolução na Martinica

No dia 23 de janeiro de 1971, o Santos cumpriu o seu compromisso em Fort-de-France, capital da Martinica, uma possessão francesa na América Central. Se dentro de campo, o jogo correu a tranquilidade de um amistoso, fora dele a confusão levou a uma crise política. 

O preço normal dos ingressos no Estádio Louis-Achille era de cinco, no máximo dez francos, mas os organizadores decidiram cobrar 100 francos por uma entrada. O valor exorbitante afastava a maioria dos admiradores do espetáculo e uma revolta tomou conta.

Naquela ocasião, um grupo recém-formado de extrema-esquerda, intitulado “Grupo de Ação Proletária”, criou um movimento batizado “Nous irons voir Pelé sans payer” (Nós vamos ver Pelé sem pagar). 

A Seleção de Martinica seguiu treinando para enfrentar o poderoso Santos, enquanto o povo pressionava as autoridades por meio de uma campanha com cartazes, folhetos, grafites, eventos e até greves. O governo cedeu diante da pressão popular e pela primeira na história do país, um evento foi televisionado ao vivo para a região e também para o exterior.

A derrota de Martinica por 4 a 1 em nada abalou o entusiasmo da torcida. O que ela queria mesmo era ver Pelé e o esquadrão do Santos. Abel, Douglas, Edu e Pelé deram o número santista ao marcador, enquanto Aurella marcou para o time local.

O ponta-esquerda Edu se lembra da expressão e do comportamento dos jogadores adversários. Em determinado momento do jogo, o atacante não sabia mais se eles estavam jogando ou apreciando o Santos jogar. 

Nesse dia histórico para os martinicanos, o técnico Antoninho levou a campo Cejas (Edevar), Lima, Ramos Delgado (Paulo), Orlando (Oberdan) e Rildo; Leo Oliveira (Marçal) e Nenê (Turcão); Árlem (Abel), Picolé (Douglas), Pelé e Edu.

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