Estados Unidos

O adeus do Rei Pelé aos gramados  Oito meses após ter encerrado sua carreira como jogador do Santos, o eterno Rei Pelé voltava a atuar profissionalmente vestindo pela primeira vez a camisa de uma outra equipe, a do clube New York Cosmos nos Estados Unidos.  A proposta feita pelos americanos era irrecusável, Pelé tinha na ocasião 35 anos e decidiu aceitar jogar nos Estados Unidos que tinham como objetivo maior a divulgação do futebol que por lá não era muito popular.   Os americanos por intermédio da Warner Communications lhe ofereceram um contrato de três anos, com salário de 2,8 milhões de dólares por temporada, um valor altíssimo para a época. O Rei aceitou e voltava aos gramados suspendendo a aposentadoria e se tornava o atleta mais bem pago do mundo na ocasião.  A volta se deu no dia 15 de junho de 1975. Segundo a Fifa, jornalistas de 25 países foram aos Estados Unidos cobrir o retorno do Rei. A partida contra a equipe do Dallas Tornado foi no estádio Downing, em Nova York, todos os ingressos foram vendidos e a expectativa de ver o Atleta do Século atuando novamente era intensa.  O time de Pelé estava em desvantagem no placar perdendo por 2 a 0, foi então que o Rei mostrou toda sua genialidade e decidiu resolver a situação participando do primeiro gol de sua equipe e marcando o gol de empate por 2 a 2.   Na comemoração mostrou aos torcedores sua marca registrada socando o ar com uma vibração intensa. Nesse ano o seu clube foi campeão da Liga Norte-Americana de Futebol. Pelé ficou atuando no Cosmos até 1977. Foram 106 partidas com 64 gols marcados.  A despedida definitiva do melhor jogador de futebol de todos os tempos se seu no dia 1º de outubro de 1977. No Giant Stadium, Nova York e reuniu as duas equipes pelas quais o Rei atuou em toda a sua fantástica carreira. Estiveram presentes a despedida 75.646 espectadores.  Muitas personalidades foram ver o Rei pela última vez, entre eles, o campeão mundial de boxe Muhammad Ali, o ex-secretário de Estado americano Henry Kissinger, o ator Telly Savallas (Kojak), o rolling stone Mick Jagger e o ator Robert Redford. Vários brasileiros também participaram do evento como Dondinho, o pai do Rei, o prefeito de Três Corações, o ex-presidente do Santos, Athié Jorge Coury, e os jogadores Carlos Alberto Torres, Bellini e Mauro Ramos de Oliveira, todos ex-capitães da Seleção Brasileira, nas conquistas dos mundiais de 1958,1962 e 1970. Love, Love and Love  Antes do início do jogo Pelé muito emocionado fez seu discurso de despedida falando que era importante a população mundial olhar e cuidar dos mais jovens, das crianças, sendo aplaudido de pé, e ao final pediu aos espectadores presentes que repetissem com ele três vezes a palavra Love (amor), e na sequência chorou. O Rei jogou a primeira etapa com a camisa verde do time americano, marcou um gol de falta, na etapa complementar vestiu a camisa branca do Santos, na vitória do Cosmos por 2 a 1. O Alvinegro dirigido por Oto Glória formou com: Ernani, Fernando e Joãozinho; Alfredo e Neto; Carlos Roberto, Zé Mário e Aílton Lira (Pelé), Nilton Batata, Reinaldo (Juary) e Rubens Feijão (Bianchi).  Findado o jogo, Pelé deu a camisa 10 do Santos ao seu descobridor no futebol o ex-jogador Waldemar de Brito. No intervalo já tinha dado a camisa verde do Cosmos ao seu pai. Ao final do amistoso, Pelé foi carregado pelos companheiros do Cosmos dando a volta olímpica.  Levando na mão direita a bandeira do Brasil e na esquerda a dos Estados Unidos o país que tão bem o acolhera e o qual ele ajudaria na vitoriosa campanha para ser a sede da Copa do Mundo de 1994.  Segundo Pelé em entrevista ao ESPN.com.br: “O mais importante pra mim na despedida do Cosmos foi ter promovido o Brasil pois tinha a imprensa de todo mundo acompanhando aquele evento. E tão importante também é que o nosso futebol ficou sendo conhecido dentro dos EUA. Ainda acho que foi a melhor decisão para o atleta Pelé e o cidadão Edson Arantes do Nascimento em termos culturais [ter parado naquele momento]. Alguns times europeus e principalmente do Japão e México tentaram me contratar depois. Mas decidi sair por cima”. Ao anunciar o fim oficial da carreira, Pelé saiu de cena com a incrível marca de 1.365 jogos e 1.282 gols para dar início a uma nova fase em sua vida, a de embaixador do Brasil e do futebol. 

Encontro de Majestades

No conturbado ano de 1968, marcado pelo auge da Guerra Fria e pelo assassinato de Martin Luther King, ativista negro que lutou pela igualdade de direitos, a rainha Elizabeth II da Inglaterra curvou-se para o Rei do Futebol, Pelé. Era o dia 10 de novembro e o mundo presenciava o encontro extraordinário de majestades no templo do futebol, o Maracanã. O desejo da rainha foi atendido e a partida entre as seleções paulista e carioca aconteceu num clima amistoso. A seleção carioca, com seu tradicional uniforme azul, entrou em campo com Félix, Moreira, Brito, Leônidas e Paulo Henrique; Carlos Roberto, Gérson e Paulo César; Nado, Jair e Roberto. Nada menos do que seis jogadores santistas, além do técnico Antoninho Fernandes, compunham a Seleção Paulista. Carlos Alberto, Rildo, Clodoaldo, Pelé, Toninho Guerreiro e Abel vestiram as camisas listradas em preto e branco, com detalhes vermelhos na gola e formaram com Picasso, Jurandir, Dias, Rivelino e Paulo Borges, o elenco paulista. Os ilustres visitantes ocuparam as cadeiras de honra do estádio e assistiram Pelé marcar o 900º gol de sua carreira para o entusiasmo dos 100 mil torcedores que ocuparam as arquibancadas. A Seleção Paulista venceu o confronto por 3 a 2 e garantiu o prêmio de um milhão de cruzeiros. Foi das mãos da rainha que Pelé, ao lado do capitão dos cariocas, Gérson, recebeu a taça. Ao ser apresentada ao Rei do Futebol, a rainha teria dito a seguinte frase: “Eu sei. Já o conheço de nome e me sinto muito feliz em cumprimentá-lo”. Passadas quase três décadas, um novo encontro entre as majestades. Na ocasião em que foi Ministro do Esporte, em 1997, Pelé recebeu o título de Cavaleiro da Coroa Britânica. Hoje, após 54 anos do evento memorável no Maracanã, o mundo se despediu da rainha Elizabeth. Ela deixa um legado enorme ao povo britânico e o respeito e a admiração de todo o povo brasileiro. Gabriel Pierin, do Centro de Memória

Peru 1

No dia 26 de fevereiro de 1960, o Santos foi a Lima, no Peru, enfrentar o time do Universitário. Novamente por imposição dos diretores do time da casa, o Santos deixou de jogar com o seu uniforme “impertubavelmente” branco, como gostava de falar Guilherme Gonçalves, e foi obrigado a jogar com camisas listradas em azuis e vermelhas, pertencentes ao River Plate, um time amador de Lima, que gentilmente cedeu o uniforme ao Peixe, já que o time do Universitário não respeitou a condição de visitante do time praiano. O Santos, derrotado por 3 a 2 (gols de Dorval e Pepe), formou com Laércio, Urubatão, Getúlio e Dalmo; Formiga e Zito; Dorval, Afonsinho, Pagão, Pelé e Pepe. Após o jogo, Pelé foi conduzido ao hospital local por estar com fortes dores na garganta e ficou constatado que o craque precisava ser operado o mais rápido possível, pois estava com amidalite. Um curioso incidente verificou-se no “Cárcere Central” com a delegação santista, quando a mesma foi visitá-lo, a exemplo de outras delegações de times visitantes e que a pedido e quando têm oportunidade, fazem exibições de futebol no pátio fronteiriço, para os reclusos. O jogador Pelé, alvo de admiração geral esteve, entretanto, a ponto de ser “depenado”. Quando percebeu em meio a abraços e cumprimentos, dos presos que se estendiam em extensa fila, ia ficando sem o relógio e pulseira de ouro, avaliada em dezenas de milhares de cruzeiros. Pelé reagiu incontinenti, porém no ligeiro tumulto que se seguiu, um outro preso já carregava a corrente e a medalha de ouro que Pelé ostentava no pescoço. Nesse instante, interveio um policial e aos berros e empurrões fez sair da fila os dois gatunos, dizendo que os mesmos seriam severamente punidos. Passado o incidente, Pelé guardou todos os pertences que carregava, voltou sozinho passando diante de todos os presos, que imediatamente organizaram uma verdadeira manifestação de desagravo. Minutos depois, Pelé retirou-se acompanhado dos demais membros da delegação.

El Mayor Espectáculo del Mundo

Em maio de 1971 surgiu uma nova oportunidade para o Santos jogar no exterior. O time tinha trocado de técnico. Antoninho foi demitido e Mauro Ramos de Oliveira assumiu o seu lugar. A equipe seguiu para dois jogos na Bolívia. E foi na cidade de Santa Cruz de La Sierra o anuncio mais famoso de um jogo de futebol. O cartaz exibia o Santos como “El mayor espectaculo del mundo”. O jogo agradou as 15 mil pessoas que assistiram a vitória santista por 4 a 3 contra o Oriente Petrolero, no Estádio Willian Bendeck. O locutor do estádio não cansava de repetia nos autofalantes: “Senhoras e senhores, o Rei Pelé jogou 90 minutos em Santa Cruz de La Sierra”. A grande atração continuou fora do estádio. Os adoradores bolivianos cercaram o ônibus e muitos subiram no teto, enquanto outros esvaziavam os pneus do veículo. O atacante Ferreti estava irado, mas Pelé acalmava os ânimos. No fim tudo acabou bem e o espetáculo pode seguir para a capital La Paz.

Expulso, Pelé volta a campo a pedido do público. E quem sai é o árbitro

Pelé, o maior jogador que já existiu, promovia momentos únicos. Em 17 de julho de 1968, a última partida da excursão internacional do Santos ficou marcada por um fato inusitado. Após ser expulso, Pelé retornou ao jogo a pedido do público e quem acabou retirado de campo foi o árbitro Guilhermo Velázques. No jogo que encerrava a excursão, o adversário era a Seleção Olímpica da Colômbia, no estádio El Campín, em Bogotá. A equipe santista já havia visitado Itália, Suíça, Alemanha, Estados Unidos e Canadá, e realizado 14 partidas, com 12 vitórias e apenas duas derrotas. O amistoso teve a presença de aproximadamente 60 mil pessoas, e o Peixe foi escalado pelo técnico Antoninho com Gylmar (Laércio), Oberdan, Ramos Delgado, Orlando e Turcão; Mengálvio e Lima (Eliseu); Manoel Maria (Abel), Toninho (Douglas), Pelé e Pepe. A partida começou com a equipe santista tomando a iniciativa, e logo aos quatro minutos Toninho Guerreiro abriu o marcador. Dois minutos depois, Arango empatou para a Colômbia. Os atletas santistas cercaram o árbitro reclamando impedimento, e Lima, o mais exaltado, foi expulso de campo. Armou-se uma grande confusão e só após um longo tempo o jogo foi retomado. A equipe colombiana virou a partida, com gol de Gonzalez, mas a reação do Peixe não demorou muito. Com um chute rasteiro, Pelé empatou novamente o jogo. Aos 35 minutos, um lance dentro da área colombiana mudou a história da partida. Em um ataque do Santos, Pelé foi derrubado e o árbitro Guilhermo Velázques ignorou a falta. O camisa 10 gritou por pênalti diversas vezes. Alegando que o Rei do Futebol o havia xingado, Velázques, também conhecido como “El Chato”, expulsou o astro do espetáculo. Uma nova confusão começou. Os santistas foram pra cima do árbitro, empurrões foram trocados e a polícia colombiana entrou em campo para apaziguar os ânimos. Porém, os mais enfurecidos estavam fora do gramado. O público começou a protestar nas arquibancadas, pedindo que Pelé retornasse ao jogo, pois havia pagado ingresso para ver o melhor time do mundo, com o melhor do mundo em campo. Depois de muita discussão, o Atleta do Século retornou ao jogo, e quem saiu de campo foi o árbitro Velázques. O auxiliar Omar Delgado assumiu o lugar de “El Chato” e o primeiro tempo foi encerrado. No segundo, o Santos virou o placar, com gols de Toninho aos sete e Pepe aos 20 minutos. A partida foi encerrada com o placar de 4 a 2 para o time santista, mas nos bastidores o jogo continuou. O árbitro expulso, com um olho inchado devido a uma pancada de autor desconhecido, foi até a delegacia apresentar queixa contra os jogadores do Santos. A equipe santista foi levada ao local, assim como dirigentes do futebol colombiano. Após horas, a delegação alvinegra foi liberada. O árbitro Guilhermo Velázques terminou suspenso por 25 dias por incapacidade técnica e os atletas do Santos fizeram um pedido de desculpas pelas retaliações a “El Chato”. Por fim, após mais uma movimentada e vitoriosa excursão, encantando por onde passasse e superando qualquer obstáculo, o Peixe voltou ao Brasil no dia 19 de julho, pronto para novas aventuras.

A vitória do Brasil sobre a Alemanha com 8 jogadores do Santos

No dia 5 de maio de 1963, o Brasil bateu a Alemanha Ocidental por 2 a 1, no Estádio Volkspark, em Hamburgo. O amistoso garantiu a primeira vitória da Seleção Brasileira contra os alemães, que contou com nada menos do que oito jogadores do Santos entre seus titulares. Gylmar, Lima, Zito, Dorval, Mengálvio, Coutinho, Pelé e Pepe atuaram os 90 minutos ao lado de Eduardo (Corinthians), Roberto Dias (São Paulo) e Rildo (Botafogo). O número de santistas naquela partida poderia ter sido ainda maior, mas o zagueiro Mauro estava contundido e teve que ficar de fora. Com a prestigiada Seleção Brasileira, bicampeã mundial de futebol, a Confederação Brasileira de Desportos (CBD, atual CBF) organizou uma extensa excursão pela Europa. Foram sete jogos em 22 dias, em diversas cidades europeias: Lisboa, Bruxelas, Paris, Amsterdã, Hamburgo, Londres e Milão. O início da campanha no exterior foi desastroso. A Seleção só conquistou uma vitória nas quatro primeiras partidas, perdendo as outras três. O mais preocupante é que a quinta partida seria contra a Alemanha Ocidental, que já se preparava para a Copa de 1966, na Inglaterra (na qual só perderia a polêmica final, para os ingleses). Parte da imprensa temia um novo fracasso dos brasileiros: “Derrotar a Alemanha, dentro da sua fortaleza inexpugnável que é o velho Volkspark Stadion, poderá parecer a muita gente façanha impossível por causa do penoso estado em que se encontra a nossa indigente e desnorteada seleção”, publicou o carioca Jornal dos Sports, em sua edição de 5 de maio de 1963. Diante desse cenário o técnico Aymoré Moreira resolveu apelar para o entrosamento dos santistas. Com oito jogadores do Peixe no time, o treinador brasileiro sabia que tinha muito mais chances diante da forte seleção alemã. Mais de 72 mil pessoas lotaram as arquibancadas do estádio, gerando a expressiva renda de 163 milhões de cruzeiros. Escalada pelo técnico Sepp Herberger, a Alemanha Ocidental se apresentou com Fahrian, Nowak, Schnellinger, Shulz e Wilden, Werner, Heiss e Schutz, Uwe Seeler, Konietzka (depois Strehl) e Dorfel. O jogo, arbitrado pelo suíço Gottfried Dienst, começou às 12 horas, pelo horário de Brasília. Os donos da casa abriram o placar aos 44 minutos da primeira etapa. O volante Zito derrubou Konietzka dentro da área e o zagueiro Werner converteu em gol. No segundo tempo, a maravilhosa dupla Coutinho-Pelé entrou em ação. Aos 25 minutos, os dois tabelaram e Coutinho ficou livre para empatar a partida. Dois minutos depois, em jogada iniciada por Coutinho, Pelé entrou na área adversária e marcou o gol da virada brasileira. O jogo prosseguiu bem disputado até o final, com mais chances de gol para os alemães, mas o Brasil resistiu e conseguiu a vitória mais significativa daquela excursão. O primeiro triunfo dos brasileiros sobre os alemães teve imensa contribuição do Alvinegro Praiano (os alemães haviam vencido o único confronto entre os países, disputado nas Olimpíadas de 1952, na Finlândia), provando que o time do Santos na década de 60 era mesmo uma Seleção. SeleSantos Durante dez anos não houve uma só partida da Seleção principal do Brasil que não contasse com mais de um titular santista. Nesse período, a Seleção fez nada menos de 35 partidas com, no mínimo, cinco titulares do Santos: foram 16 jogos com cinco santistas; 12 com seis; dois com sete e cinco jogos com oito titulares – entre estes a histórica vitória sobre a Alemanha Ocidental, há 59 anos.

Julien Fauvel, o primeiro goleiro do Santos

Julien Jacques em sua infância estudou em sua terra natal no Liceu Oficial de Le Havre, e depois atravessou o Canal da Mancha, estudando no Saint George College, na Inglaterra, e completou os estudos na Universidade Sorbonne, no Curso de Ciências e Letras, na capital francesa. No transcorrer do ano 1910, aos 23 anos, decidiu deixar o Velho Continente e se aventurar pelo mundo, e chegou a Santos para trabalhar como selecionador de café. Era o início de sua bonita história no Brasil. Por gostar de praticar esportes foi aos poucos se enturmando com os esportistas da cidade e com eles disputava provas de pedestrianismo na região central de Santos. E sua estatura alta chamou a atenção dos componentes de um time que estava sendo montado e ele foi escalado para defender as cores do Santos Foot-Ball Club jogando como goleiro. E ele fez sua estreia no dia 23 de junho de 1912, exatamente 70 dias após o clube ter sido fundado na Rua do Rosário 8/10, no centro histórico da cidade praiana. Essa partida é considerada como um jogo-treino e não consta da relação dos jogos do Santos. A mesma foi jogada no campo que o clube alugou mesmo antes de ter sido fundado, na Villa Macuco, na Rua Aguiar de Andrade, onde hoje se encontra a av. Engenheiro Sérgio da Cosa Mate. O adversário era um combinado de jogadores que já tinham jogado em times que outrora existiram em Santos, e o novato time venceu por 2 a 1, com gols de Geraule e Anacleto Ferramenta. Além do goleiro francês jogaram também: Simon, Ari, Bandeira, Ambrósio, Oscar, Bulle, Geraule, Esteves, Fontes e Anacleto Ferramenta. Já a partida considerada a de nº 1 na centenária existência do Alvinegro Praiano, teve como cenário o campo da av. Ana Costa, 22, chamado de Velo Santista, onde hoje se encontra a igreja do Coração de Maria. E foi no dia 15 de setembro de 1912, diante do Santos Athletic Club, que atualmente é conhecido como Clube dos Ingleses, que Julien Fauvel jogou na meta do Alvinegro se tornando oficialmente o primeiro goleiro do Santos. O novato time venceu pelo placar de 3 a 2 com dois gols de Arnaldo Silveira e um de Adolpho Millon Jr. A neófita equipe com sede no Largo do Rosário, formou com: Julien Fauvel; Sidnei e Arantes; Ernani, Oscar e Montenegro; Millon, Hugo, Nilo, Simon e Arnaldo Silveira. Ao todo na meta santista Fauvel disputou 4 partidas, o time venceu 3 perdeu uma, e foi justamente nessa derrota de triste lembrança na estreia do Campeonato Paulista de 1913 que o treinador da equipe tirou o francês do arco santista e colocou em seu lugar, Durval Damasceno termina assim a trajetória de Fauvel jogando no Santos. A trajetória no interior paulista São Carlos, no interior do estado de São Paulo foi a região distante 231 km da capital paulista que recebeu seu novo habitante que para lá transferiu indo lecionar francês para os jovens da cidade interiorana, corria o ano de 1914. Em 1914, Fauvel voltou à sua terra natal e foi combater na Primeira Guerra Mundial como voluntário. Com o final da guerra, em 11 de novembro de 1918, é condecorado com a “Croix de Guerre”, e em 1919, volta ao Brasil para morar definitivamente em São Carlos onde casou-se com Philomena Guimarães, filha do Coronel Casemiro e Izabel Ornallas de Oliveira Guimarães. Em 1932 alistou-se em São Carlos no “Batalhão 9 de Julho” tendo sido Tenente Comandante das Metralhadoras Pesadas. .. Em 1949 foi aprovado como professor do Estado de São Paulo e assumiu a cadeira de professor titular no Instituto de Educação Estadual Caetano Lourenço de Camargo, em 8/12/1949, na cidade de Jaú – SP, onde se aposentou, em 7/4/1957, ao completar 70 anos. Em 9 de julho de 1959, por seus serviços prestados ao município, recebeu o título de “Cidadão Honorário de São Carlos”. Julien Jacques Fauvel faleceu no dia 4 de setembro de 1963, em São Carlos. Os goleiros estrangeiros do Peixe Além do francês Fauvel, o Santos já teve 11 goleiros estrangeiros, a saber: os argentinos: Capuano, Cejas, Peres e Ricardo, o sueco Agne Buklund, o colombiano Henao, o húngaro José Lengyl, o tcheco Peter Timko, o espanhol Talladas, o chileno Tápia e o melhor goleiro estrangeiro na defesa da meta santista, o uruguaio Rodolfo Rodriguez.

A primeira conquista internacional do Santos

Santos e Newell’s decidiram o título do Torneio Roberto Gomes Pedrosa em partida única, no Pacaembu, na noite do dia 29 de março de 1956, uma quinta-feira. A goleada por 5 a 2 contra o time argentino garantiu a primeira conquista internacional do time de Vila Belmiro. Em março de 1956 o Santos ainda não contava com seu maior ídolo, Pelé. Contudo, já dava mostras de que estava entre as grandes equipes do Brasil e do continente. Naquele início de ano, o Peixe levantara a taça de Campeão Paulista de 1955 e foi um dos cinco clubes do Estado que disputariam, ao lado do uruguaio Nacional e dos argentinos Boca Juniors e Newell’s Old Boys, a fase internacional do Torneio Roberto Gomes Pedrosa, nome oficial do Rio-São Paulo. Os clubes cariocas tentaram adiar a competição para o segundo semestre do ano, alegando que seriam prejudicados com as convocações da Seleção Brasileira que disputaria o Campeonato Sul-Americano no mesmo período. Os paulistas se recusaram, justificando que a competição já fazia parte do calendário nacional e um adiamento comprometeria a receita dos clubes. A Confederação Brasileira de Desportos intercedeu a favor dos paulistas e os cariocas retiraram-se da competição. O Torneio Roberto Gomes Pedrosa desse ano foi disputado apenas por paulistas e considerado sem efeito como um Torneio Rio-São Paulo. Na fase internacional, pelo regulamento, as equipes brasileiras Santos, Palmeiras, Corinthians, São Paulo e Portuguesa enfrentariam apenas as estrangeiras, e a brasileira e a estrangeira mais bem classificadas disputariam a final. A Vila Belmiro foi o palco dos três jogos classificatórios do Santos. Em um sábado, 10 de março, o Alvinegro Praiano venceu o Newell’s Boys por 4 a 2, sem sustos. Vasconcelos foi o melhor em campo e autor de um gol. Pepe marcou duas vezes e Negri mais uma. Na segunda partida, dia 19, o Santos enfrentou o Boca Juniors. Era a estreia do veterano Jair Rosa Pinto. A chuva castigou o campo e os argentinos, melhores, abriram uma vantagem de 2 a 0. No segundo tempo, quando a chuva parou e o gramado secou, o Alvinegro virou para 3 a 2, com gols de Pepe, Vasconcelos e Pagão. Faltava enfrentar o Nacional, tão credenciado que seria tricampeão uruguaio em 1955/56/57. Mas aí surgiu uma malandragem nos bastidores que favorecia o Corinthians. Até ali os dois alvinegros estavam empatados em pontos ganhos, com apenas um gol de vantagem para o Santos. Mas ambos ainda tinham uma partida a fazer. O inaceitável é que, enquanto o Alvinegro Praiano enfrentaria o Nacional no dia 22 de março, o da capital só jogaria contra o Boca Juniors no dia 27, portanto já sabendo de quanto precisaria vencer para superar o saldo santista. Porém, confiante, o Santos foi para o jogo. Nem mesmo o reforço dos campeões sul-americanos Leopardi e Ambrois, da Seleção Uruguaia, fez o Nacional segurar o ímpeto santista. Depois de um primeiro tempo disputado, em que o Santos conseguiu apenas a vantagem mínima, com um gol contra de Leopardi, na segunda etapa a porteira abriu de vez: Pagão, aos seis e aos 24 minutos; Alfredinho e Urubatão completaram os, quem diria, 5 a 0 sobre o campeão uruguaio! O Corinthians venceu o Boca por 4 a 1, mas, com três gols de saldo a menos que o Santos, ficou fora da decisão. Dos estrangeiros, o melhor foi o Newell’s Old Boys, e assim Santos e Newell’s decidiram o título em partida única, no Pacaembu, na noite do dia 29 de março, uma quinta-feira. O técnico Lula escalou o Peixe com Manga, Hélvio (depois Cássio) e Feijó; Ramiro, Zito e Urubatão; Alfredinho (Sarno), Jair Rosa Pinto, Pagão (Del Vecchio), Vasconcelos e Pepe. O treinador José Ramos optou por Masueli, Griffa e Coronel; Mastrogiuseppe (depois Bovery), Sanguinetti e Etchevarria; Nardiello, Picot, Rocha (Hernandez), Reinozo (Carranza) e Urquiza (Donelutti). O britânico Harry Davis foi o árbitro. O Santos era o Brasil e muitos paulistanos foram ao Pacaembu torcer para o time das praias. Pela primeira vez a imprensa esportiva paulistana parecia se curvar a uma equipe superior aos grandes da capital. Mesmo o populista tabloide Mundo Esportivo, em sua apresentação da final, se rendeu ao belo futebol e parecia antever a formação de uma equipe vitoriosa e os anos de ouro do Santos. Todas as previsões se confirmaram. Bastante ofensivo, o Santos definiu o jogo e o título em um intervalo de 10 minutos: aos 29 Pagão abriu o marcador, aos 35 Pepe ampliou e aos 39 Vasconcelos fez o terceiro. No início do segundo tempo, Pagão, de pênalti, fez o quarto. O Newell’s diminuiu com Picot e depois Hernandez, mas Del Vecchio, que entrara no lugar de Pagão, marcou o quinto aos 36 minutos, definindo a vitória santista por 5 a 2 e o título do torneio. A façanha fez a imprensa olhar o Santos de outra forma. Não se tratava apenas de mais um fenômeno regional. O Mundo Esportivo chegou a definir o time como “uma verdadeira academia de futebol”. Ofensivo, técnico, com muitos jogadores de alta qualidade, o Santos representava um alento para o combalido futebol brasileiro que dera vexames tanto na Copa do Mundo de 1954, como no Sul-americano de 1956. Os números do time no seu primeiro título internacional mostraram isso: em quatro jogos, o Santos marcou 17 gols, média de 4,25 gols por jogo. O centroavante Pagão foi o artilheiro, com cinco gols, seguido por Pepe, com quatro, e Vasconcelos, com três. Troféu em lugar de destaque O Memorial das Conquistas de Vila Belmiro expõe na sua galeria o troféu do primeiro título internacional da história do Santos. Resgatado, identificado e restaurado, a Deusa Alada, como ele ficou conhecido, ocupa, desde então, lugar de destaque no vasto acervo de conquistas do clube.

Cejas, um goleiro argentino na meta santista

Agustin Mario Cejas nasceu em Buenos Aires, no dia 22 de março de 1945, uma sexta-feira. O goleiro do time argentino do Racing foi contratado pelo Santos em 1970 e veio para ocupar o posto que era de Laércio, pois com a contusão de Cláudio e a despedida de Gylmar do futebol, a meta santista precisava de um goleiro de muita experiência. A primeira vez em que defendeu as cores do Alvinegro foi no dia 27 de setembro de 1970, diante do Cruzeiro no Mineirão, em partida válida pelo Campeonato Brasileiro, que terminou empatada em 1 a 1, com Nenê Belarmino marcando o tento santista. O Peixe, nesse empate, foi escalado por Antônio Fernandes, o Antoninho, com: Cejas, Carlos Alberto, Ramos Delgado, Djalma Dias e Turcão; Clodoaldo e Lima; Manoel Maria, Douglas (Picolé), Nenê Belarmino e Abel (Léo Oliveira). Goleiro de estatura alta (1,93m), sempre se posicionava corretamente debaixo das balizas. Era hábito dele deixar a pequena área e interceptar os cruzamentos adversários, sua elasticidade era muito elogiada, bem como sua coragem. O título mais importante que Cejas obteve no Peixe foi a conquista do Campeonato Paulista de 1973, o último título do Rei Pelé no Santos e Cejas foi muito importante nesse torneio, pois na partida final diante da Portuguesa de Desportos no Morumbi, ele brilhou nas penalidades máximas defendendo duas cobranças. Os torcedores santistas consideram Rodolfo Rodriguez e Cejas como sendo os dois melhores goleiros estrangeiros que defenderam a meta do Alvinegro em toda a sua centenária história. No ano de 1973, o goleiro argentino recebeu a Bola de Ouro da Revista Placar, por ter sido eleito o melhor goleiro da temporada. Cejas permaneceu no Santos até o ano de 1974 jogando na meta praiana 252 partidas. Pelo Alvinegro ele conquistou além do Paulista de 1973, os seguintes títulos: Campeão do Torneio Hexagonal do Chile, Campeão do Torneio de Kingston e também ajudou o Peixe na conquista da Fita Azul do Futebol Brasileiro (17 partidas invictas em 1972). Depois que deixou o Santos, Cejas foi defender as cores do Huracan, na Argentina. Ele faleceu em sua cidade natal, no dia 14 de agosto de 2015, uma quinta-feira, aos 70 anos. Além de Cejas, outros três goleiros argentinos também vestiram a camisa santista: Capuano, em 1942, com apenas uma partida; Peres, em 1969, com duas partidas, e por último, Ricardo, que atuou no período entre 1976 a1978, com 57 jogos disputados.

O início da trajetória internacional do Santos

No dia 21 de março de 1954, um domingo, o Santos estreou em campos estrangeiros em La Plata, no estádio Juan Carmello Zerillo, contra o Gymnasia y Esgrima. A equipe santista conquistou um empate por 1 a 1 no jogo que marcaria o início de sua trajetória internacional. As notáveis exibições contra as maiores equipes do mundo tornaram o Santos um clube conhecido em todo o planeta. A primeira vez que enfrentou uma equipe estrangeira ocorreu em 1917, na Vila Belmiro, porém apenas 37 anos depois o Peixe realizou o seu primeiro jogo fora do Brasil, no distante ano de 1954. O time santista viajou até a Argentina para jogar nas cidades de La Plata, Córdoba, Tucumán, San Juan e Buenos Aires. Instruída pelo empresário D’Agostini e orientada pelo técnico italiano Giuseppe Ottina, a equipe estreou em campos estrangeiros em La Plata, no estádio Juan Carmello Zerillo, jogando contra o Gymnasia y Esgrima com Barbosinha, Hélvio e Feijó (depois Ivan); Cássio, Formiga e Zito; Del Vecchio, Walter, Álvaro, Vasconcelos (Hugo) e Tite. O Gimnasia formou com Riviera, Sandria e Perocino; Gonzalez, Arco e Rosário; Gallardo, Maravilla, Nazardo (Gutierrez), Martinez e Barpiã. O time argentino estava em uma boa fase e em 1953 não havia perdido nenhuma partida em seus domínios para os chamados grandes da Argentina. A expectativa de um bom jogo atraiu um grande público para a primeira partida do Peixe no exterior, proporcionando renda de 179 625 pesos. A arbitragem esteve a cargo do inglês John Dykkens. O time argentino saiu na frente, com gol de Martínez, mas o jogo estava equilibrado. Aos 26 minutos, após uma rebatida do zagueiro Hélvio para afastar o perigo da zaga santista, o menino da Vila Del Vecchio aproveitou a falha da zaga adversária e penetrou livre para chutar forte e marcar o primeiro gol da história do Santos em solo estrangeiro. Com 19 anos, Emanuelle Del Vecchio, um atacante de muita garra e com um faro de gol preciso, deixou sua marca na vida do Peixe. A excursão durou três semanas e o Santos disputou oito partidas, obteve três vitórias, três empates e duas derrotas. Além do Gymnasia y Esgrima, o Alvinegro enfrentou o San Lorenzo, o Combinado Talleres/Belgramo, o San Martin, o Atlético Tucumán e o River Plate. A primeira excursão que não aconteceu Em 1938 o Santos quase excursionou pela primeira vez para fora do Brasil. Os mexicanos estavam impressionados com a temporada internacional que o Botafogo carioca havia feito em 1936, vencendo a maioria de seus jogos em solo mexicano. Após os jogos do time carioca, a CBD recebeu diversas solicitações de clubes mexicanos convidando equipes brasileiras para excursionar pelo país do Norte, e uma dessas solicitações foi entregue ao representante do Santos no Rio de Janeiro e encaminhada à Vila Belmiro. Após discutir valores e a garantia financeira necessária para a viagem, o Santos e os clubes interessados não chegaram a um acordo, e o Alvinegro Praiano decidiu ficar por aqui, à espera de uma nova oportunidade, que acabou surgindo em 1954. Uma excursão marcante Em 1959 o Santos excursionou pela primeira vez à Europa e deixou uma marca histórica impagável. Naquela ocasião, o time era a grande sensação do futebol mundial. Com Pelé e Zito, campeões da Copa da Suécia disputada no ano anterior, a equipe ainda tinha craques como Pepe, Coutinho, Pagão, Dorval e Jair Rosa Pinto no seu elenco. A performance do Santos foi espetacular. A exaustiva jornada começou dia 23 de maio, em Sofia, na Bulgária, e terminou 5 de julho, em Sevilha, Espanha. No intervalo de 43 dias o time jogou 22 partidas em nove países, média de uma partida a cada dois dias, enfrentando campeões nacionais e times de elevada categoria, como Barcelona, Internazionale, Real Madrid, Botafogo. Mesmo assim o Alvinegro venceu 13 vezes, empatou cinco e perdeu somente quatro.