Oito meses após ter encerrado sua carreira como jogador do Santos, o eterno Rei Pelé voltava a atuar profissionalmente vestindo pela primeira vez a camisa de uma outra equipe, a do clube New York Cosmos nos Estados Unidos.
A proposta feita pelos americanos era irrecusável, Pelé tinha na ocasião 35 anos e decidiu aceitar jogar nos Estados Unidos que tinham como objetivo maior a divulgação do futebol que por lá não era muito popular.
Os americanos por intermédio da Warner Communications lhe ofereceram um contrato de três anos, com salário de 2,8 milhões de dólares por temporada, um valor altíssimo para a época. O Rei aceitou e voltava aos gramados suspendendo a aposentadoria e se tornava o atleta mais bem pago do mundo na ocasião.
A volta se deu no dia 15 de junho de 1975. Segundo a Fifa, jornalistas de 25 países foram aos Estados Unidos cobrir o retorno do Rei. A partida contra a equipe do Dallas Tornado foi no estádio Downing, em Nova York, todos os ingressos foram vendidos e a expectativa de ver o Atleta do Século atuando novamente era intensa.
O time de Pelé estava em desvantagem no placar perdendo por 2 a 0, foi então que o Rei mostrou toda sua genialidade e decidiu resolver a situação participando do primeiro gol de sua equipe e marcando o gol de empate por 2 a 2.
Na comemoração mostrou aos torcedores sua marca registrada socando o ar com uma vibração intensa. Nesse ano o seu clube foi campeão da Liga Norte-Americana de Futebol. Pelé ficou atuando no Cosmos até 1977. Foram 106 partidas com 64 gols marcados.
A despedida definitiva do melhor jogador de futebol de todos os tempos se seu no dia 1º de outubro de 1977. No Giant Stadium, Nova York e reuniu as duas equipes pelas quais o Rei atuou em toda a sua fantástica carreira. Estiveram presentes a despedida 75.646 espectadores.
Muitas personalidades foram ver o Rei pela última vez, entre eles, o campeão mundial de boxe Muhammad Ali, o ex-secretário de Estado americano Henry Kissinger, o ator Telly Savallas (Kojak), o rolling stone Mick Jagger e o ator Robert Redford. Vários brasileiros também participaram do evento como Dondinho, o pai do Rei, o prefeito de Três Corações, o ex-presidente do Santos, Athié Jorge Coury, e os jogadores Carlos Alberto Torres, Bellini e Mauro Ramos de Oliveira, todos ex-capitães da Seleção Brasileira, nas conquistas dos mundiais de 1958,1962 e 1970.
Love, Love and Love
Antes do início do jogo Pelé muito emocionado fez seu discurso de despedida falando que era importante a população mundial olhar e cuidar dos mais jovens, das crianças, sendo aplaudido de pé, e ao final pediu aos espectadores presentes que repetissem com ele três vezes a palavra Love (amor), e na sequência chorou.
O Rei jogou a primeira etapa com a camisa verde do time americano, marcou um gol de falta, na etapa complementar vestiu a camisa branca do Santos, na vitória do Cosmos por 2 a 1.
O Alvinegro dirigido por Oto Glória formou com: Ernani, Fernando e Joãozinho; Alfredo e Neto; Carlos Roberto, Zé Mário e Aílton Lira (Pelé), Nilton Batata, Reinaldo (Juary) e Rubens Feijão (Bianchi).
Findado o jogo, Pelé deu a camisa 10 do Santos ao seu descobridor no futebol o ex-jogador Waldemar de Brito. No intervalo já tinha dado a camisa verde do Cosmos ao seu pai. Ao final do amistoso, Pelé foi carregado pelos companheiros do Cosmos dando a volta olímpica.
Levando na mão direita a bandeira do Brasil e na esquerda a dos Estados Unidos o país que tão bem o acolhera e o qual ele ajudaria na vitoriosa campanha para ser a sede da Copa do Mundo de 1994.
Segundo Pelé em entrevista ao ESPN.com.br: “O mais importante pra mim na despedida do Cosmos foi ter promovido o Brasil pois tinha a imprensa de todo mundo acompanhando aquele evento. E tão importante também é que o nosso futebol ficou sendo conhecido dentro dos EUA. Ainda acho que foi a melhor decisão para o atleta Pelé e o cidadão Edson Arantes do Nascimento em termos culturais [ter parado naquele momento]. Alguns times europeus e principalmente do Japão e México tentaram me contratar depois. Mas decidi sair por cima”. Ao anunciar o fim oficial da carreira, Pelé saiu de cena com a incrível marca de 1.365 jogos e 1.282 gols para dar início a uma nova fase em sua vida, a de embaixador do Brasil e do futebol. |